Concílio dos deuses - Live!
Vai demorar muitos anos até que em Portugal se passe do “lá na Europa” para o “cá na Europa”. Portugal, não sem razões para isso, continua com a mentalidade pequenina e terceiro-mundista, e pensa que não faz parte da Europa. Esta deve ficar lá longe, para “Bruxelas”, palavra dita como se a cidade belga fosse alguma Avalon perdida no nevoeiro, ou se situasse no cume do Olimpo onde, como nos Lusíadas, se reúne o “Concílio dos Deuses” para ditar a sorte desta “nesga de terra para nascer”. Umas vezes os deuses enviam maná, sob a forma de uns carros italianos ou alemães e de umas estradas para eles terem por onde andar a comer asfalto, outras vezes fazem-nos aparecer mais um buraco no cinto, quando já achávamos que aquele era o último.
Pode ser uma surpresa para muitos portugueses, mas Portugal está na Europa, mais, está na União Europeia (nome pomposo para o que a maioria dos portugueses trata como “ a Europa”). Não, a Europa não são eles, a Europa somos nós.
E tanto fazemos parte da Europa que durante os próximos meses vamos fazer o papel de Zeus em trezentos e tal “concílios” e o Olimpo será por várias vezes trazido para “cá”.
E talvez ficando o “lá” mais perto do “cá” sintamos que em vez de “eles” deveríamos dizer “nós”. Até porque nós acharmos que os problemas “nossos” são problemas “deles” só faz com que os problemas sejam resolvidos por “eles” de forma a que “eles” continuem a ser “eles” para “nós” e continue a haver um “eles” e um “nós”. Muito confuso? Então eu simplifico: "eles"continuarem a ser "eles" quer dizer que uns são generais e outros soldados, uns professores e outros alunos que podem ser “bons” ou “maus” até que os “maus” passam os “bons” à frente mesmo sem copiar e os “bons” não chegam lá nem copiando os “maus” que agora são "bons".
É bom despertarmos para a Europa antes que seja tarde de mais. Esperemos que toda a mediatização em torno da presidência portuguesa dê uma mãozinha.
3 comentários:
Bom texto, já o tinha visto no Novas Energias e concordo com o que lá diz. É preciso deixar de pensar que somos os coitadinhos.
Concordo plenamente contigo. Portugal e os portugueses precisam de abrir mais os horizontes. Mas isso não será de um dia para o outro e a classe politica tem aqui um grande papel de formação pedagógica e não de criação de um bode expiatório.
No entanto não concordo contigo em uma ideia (se a tiver entendido bem); eu penso que realmente devemos não imitar mas aprender com as soluções de sucesso. Foi a mentalidade do "aqui não se aplica" ou " aqui é diferente" que tem afastado todas as sinergias positivas que nós poderiamos ter e ganhar.
Aquilo que disse foi que nem copiando agora lá parecemos chegar. Há muita coisa que pode ser copiada e muita coisa a aprender nomeadamente com a Espanha, com a Irlanda, com a Grécia até, com a República Checa (!).
Em geral até acho que a importação de políticas funciona com algumas adaptações ao mercado nacional, sobretudo quando inseridas a tempo (nem tarde de mais, nem cedo de mais).
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