Este texto é uma contribuição que nos chega da Roménia sobre os desafios da Europa:
Falar em princípios e palavras cuidadas sobre a UE é uma coisa que esclarece muitos assuntos, mas infelizmente não aponta para o verdadeiro problema. A União Europeia encontra-se impotente face a um problema que os estados nação, pela própria natureza, resolveram há séculos: a UE não tem credibilidade face aos próprios cidadãos.
Da perspectiva da pessoa que acabou de entrar na “grande família”, posso já dizer que “os europeus”(como ainda chamam aqui o resto da Europa) enganaram-se em tentar ir tão longe. Na Roménia, ser europeu só significa que podes ir para Hungria ou para Espanha sem passaporte...não há muito mais...o vinho já não se vende como costumava ser vendido um ano atrás, não há mais produtos “home-grown” nos mercados e toda a gente enlouqueceu a falar dos fundos estruturais.
"Meio ano também não é assim muito tempo", vão dizer. Verdade, mas foi o suficiente para a UE perder a sua credibilidade. Batendo ás portas do Oriente, esqueceu-se que tentava disciplinar países em que a única coisa que mantinha o caos longe era a ameaça do atraso na adesão.
Depois da entrada ter acontecido, voltámos todos para os assuntos habituais. E nem toda a diplomacia da Europa, nem todas as ameaças da activação da cláusula de salvaguarda conseguiram impedir nem a suspensão do presidente e o circo que rodeou o referendum a seguir, nem a aplicação duma lei que impõe uma taxa sobre mercadorias vindas da UE(carros a segunda mão). O “acquis”, os princípios tropeçaram na arrogância e na falta de princípios duma categoria de políticos por quais a Europa é só uma outra fonte de dinheiro, que tem que ser enganada duma maneira ou outra.
Portanto, como podia eu me sentir cidadão de uma estrutura que só me mostrou que não é bastante forte para obrigar uma banda de políticos corruptos a fazer exclusivamente o que querem?
Antes de tentar agarrar o continente todo, a UE devia pensar em solidar o que já tinha, porque, também como nos, não estava preparada para ir tão longe. È aqui que eu vejo mais um desafio para a presidência portuguesa: acrescentar mais sentido ao conceito de “europeu” e fazer com que a UE se adapte aos novos problemas que põe a entrada de paises completamente diferentes do “Ocidente”.
Irina Mihaescu
Para saber mais sobre a suspensão do presidente e a taxa de matrícula