Ao longo dos próximos dias irei publicar cinco textos que expõem, do meu ponto de vista, os cinco grandes desafios da construção europeia. Alguns dirão que era óptimo que fossem apenas 5 as coisas que nós, Europeus, necessitamos de alterar para que tudo corresse bem. Pode ser defeito da minha formação, que me diz que mais que um a dois objectivos ou é utopia ou falta de planificação e sem duvida é defeito de carácter que me faz observar a realidade sempre com mais optimismo do que com melancolia ou resignação. Ter desafios não é mau, ter problemas não é um drama. Na realidade é a existência de ambos que nos impulsiona todos os dias.
O primeiro desses desafios que todos nós, cidadãos, estados e instituições; encontraremos pela frente durante as próximos é a cada vez maior problema da Imigração. Mas para que seja bem entendido, o problema não está na deslocação de pessoas em si, mas sim na incapacidade que as instituições têm demonstrado em encontrar soluções de integração para os milhões que todos os anos entram nas nossas fronteiras. Milhões esses que a economia Europeia precisa para alimentar uma economia consumista cada vez mais feroz. É essa “mão de obra barata” que aceita trabalhar em condições muitas vezes desumanas, onde o direitos consagrados aos outros trabalhadores não são respeitados. A situação actual tem levado a casos de “escravidão” que todos nós esperávamos que em pleno século XXI tivessem sido banidos para sempre da face da Europa. Infelizmente ainda não passaram aos livros de história.
A União Europeia, ao embarcar, numa política de comércio externo feroz e muitas vezes injusta onde impera a lei selvática do mais forte, tem criado as condições para o agravamento desta situação. Mas com que face podemos nós cidadãos europeus reenviar para os seus países aqueles que arriscaram a vida por um futuro melhor? Que dizer aos milhares que chegam por dias as costas de Espanha, Itália, etc que terão de voltar para um país cujo o estado de pobreza a UE ajudou a manter? Não terão eles, com o seu empenho a vontade e a força necessárias para partilhar um sonho de integração e contribuir para uma Europa mais forte? A grandeza de uma nação (e sim de uma nação se trata quando falamos a meu ver da Europa mas isso será tema de outro texto) não se vê na altura das suas muralhas, mas no pluralismo da sua cultura! A resposta à questão da Imigração é a resposta a como a Europa se quer integrar no mundo.
Não podemos deixar que o sonho se torne utopia. A União Europeia surgiu do sonho de união de povos e civilizações. Surgiu de uma vontade de esquecer a diferença e unir para criar um futuro de paz e melhor para todos. Mas o que dizer desse sonho quando se põe em causa a abertura dos mercados de trabalho aos novos membros do leste Europeu? Não se tratam de continentes diferentes, de realidades diferentes. São membros de pleno direito tal com Portugal, Alemanha, etc mas que afinal se vêm como membros de segunda categoria ou inferiores pois mais alto que a liberdade de circulação parece falam os interesses de alguns. A Europa parece disposta a por em causa um dos seus pilares fundadores em prol de uma maior riqueza económica.
Este representa para mim um dos grandes desafios do futuro. É a resposta a ele que permitirá dar-mos um passo de gigante na direcção de um modelo de sociedade de paz e liberdade democrática para todos. É este o verdadeiro passo para a integração e a Paz na Europa. Temos que pensar se queremos viver num paraíso ou numa fortaleza!